Especialistas alertam para preconceito baixa procura de homens por exames de check-up no mês dedicado à conscientização
Apesar de a igualdade de gênero ser pauta recorrente em diversos debates, sabemos que o preconceito e machismo ainda perdura em alguns pensamentos e, além dos malefícios sociais, muitas vezes essa falta de conhecimento pode afetar a saúde masculina.
Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, 31% dos homens brasileiros não têm o hábito de ir ao médico e, quando o fazem, 70% tiveram a influência da mulher ou de filhos.
É fácil perceber que homens vão menos ao médico do que mulheres, e quando vão costumam estar acompanhados da mãe, irmã ou esposa.
Levantamento feito pela Doctoralia, maior plataforma de agendamento de consultas do mundo, apontou que eles representam apenas 24% dos acessos a sua página, enquanto elas são responsáveis pelos outros 76% (120 milhões de cliques), comprovando a discrepância existente quando o assunto é prevenção.
Como sabemos, uma rotina preventiva com exames periódicos, seguindo orientações com base no histórico pessoal e familiar de cada um, é essencial para evitar surpresas desagradáveis. “Geralmente os homens procuram o médico quando há algum incômodo persistente, não existe uma cultura de consultas rotineiras”, afirma Flávio Iizuka, urologista membro da plataforma Doctoralia.
Diagnóstico precoce é essencial
O urologista Gabriel Oliveira, do Hospital Haroldo Juaçaba – que faz parte do grupo ICC -, reforça que a grande possibilidade de sucesso está no diagnóstico precoce, que pode aumentar em 90% as chances de cura. “É uma doença silenciosa e no início não gera sintomas, por isso o que temos de fazer é procurar esses indícios”, ressalta.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é que a partir de 50 anos todos os homens devem começar o acompanhamento com urologista. Já aqueles que apresentam fatores de risco como histórico familiar, obesidade e ser da raça negra, deve começar os cuidados aos 45 anos por meio de exames de sangue frequentes e toque retal”, disse Gabriel Oliveira.
Uma vez que o câncer de próstata é assintomático no início, se atentar à rotina de exames preventivos é essencial. “Quando há histórico familiar da doença, é necessário realizar a análise sanguínea para medir os níveis de PSA (Antígeno Prostático Específico), proteína que pode indicar a presença do tumor ou alguma outra alteração na próstata, junto ao exame de toque, anualmente, a partir dos 45 anos de idade”, explica Dr Flávio.
Para homens negros, mesmo sem hereditariedade, a regra é a mesma, “não se sabe ao certo o porquê, mas a incidência da doença dentro desse grupo é em média três vezes maior”, pontua o médico. Os demais devem iniciar esse check up a partir dos 50 anos.
Além disso, o sexo masculino precisa cuidar melhor da saúde como um todo. “Se atentar à alimentação, com dietas saudáveis e balanceadas, não pode ser exclusividade da parceira, das irmãs ou amigas. Os homens também se beneficiam e muito desses hábitos saudáveis, que são de suma importância para prevenir o aparecimento de tumores e outras doenças”, finaliza o Dr. Iizuka.
Prevenção e tratamento
São estimados 68 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil em 2019, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O tumor é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma), sendo o responsável por cerca de 15 mil óbitos em 2017.
O câncer de próstata pode estar relacionado com o histórico familiar, idade e obesidade. Segundo o Inca, homens acima de 65 anos são os mais diagnosticados com o tumor.
De acordo com o Ministério da Saúde, este tipo de câncer geralmente tem evolução lenta e não ameaça a vida do homem. Porém, em alguns casos, pode ocorrer o efeito metástase, fazendo com que o tumor cresça rapidamente e se espalhe para outros órgãos.
Mundialmente, o mês de novembro reforça a importância de exames que detectem esse tipo de câncer em fase precoce. O Novembro Azul é marcado por diversas iniciativas e popularizou a luta contra a doença.
Praticar exercícios físicos e evitar o uso constante de álcool e cigarro pode ajudar na prevenção do câncer de próstata, mas existem outros fatores de risco como o envelhecimento e a hereditariedade que são inertes aos cuidados do homem.
É importante, ainda, manter uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, além de diminuir o consumo de alimentos ricos em gordura – principalmente os de origem de animal. Praticar atividades físicas, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e não fumar são hábitos que também ajudam a prevenir o câncer.
Dr. Flávio Haruyo Iizuka (CRM 75674 – RQE 32918), graduado em Medicina pela USP Pinheiros – Turma 75 (1992), com Residência Médica em Cirurgia Geral e Urologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (1994 a 1998), Fellowship em Urologia na Mayo Clinic de Jacksonville nos Estados Unidos (1997) e doutorado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.